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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Quando seu mundo cai

Um dia corrido de trabalho, um fone no ouvido, um olhar indiferente para um mendigo...
Um avião caiu, um terremoto destruiu um país, um tsunami devastou um continente, mais um coração que pára ou um acidente de carro...
Enquanto seguimos com uma vida vazia em busca de perecíveis, alheio aos acontecimentos ao nosso redor, alguém perde seu chão dia após dia.
Lembro-me de Noé, que construía sua arca enquanto as pessoas se negavam olhar para Deus e seguiam de forma displicente. Será que a maioria de nós não faz o mesmo?
É normal ficarmos insensíveis em meio a tanta desigualdade, a tanta tragédia?
No mundo de hoje é muito fácil obter um anestésico. As pessoas não se falam mais nas ruas... se negam a trocar um olhar, a oferecer seu lugar no ônibus ou parar na faixa de pedestre. Colocamos um fone de ouvido ou fechamos o vidro do nosso carro e ficamos conectados ao nosso mundo, numa grande bolha.
Corremos cada vez mais rápido...
Mas pra onde? Pra que? E por quê?
De repente a nossa bolha estoura, o nosso mundo cai... pani no sistema, a conexão é perdida.
A partir daí as coisas começam a mudar. Você é obrigado a repensar valores, a perceber que a vida é algo além do que estamos vivendo. Existe um mundo lá fora e você não tem controle algum sobre ele.
No dia 17 de agosto de 2008 minha bolha estourou, meu mundo caiu e o meu conto de fadas terminou sem um final feliz. Minhas certezas foram substituídas por perguntas, e percebi quanto era incerto meu futuro, se é que temos um futuro.
Reconstruir, Recomeçar... como é difícil o "Re". Mais difícil ainda quando falta uma metade de você, e você tem antes de tudo que se "re-compor".
E cuidado com outra bolha, a bolha do sofrimento. Aahh, como continuamos egoístas. Continuamos pensando apenas na gente... nossa dor é a maior e única no mundo não é mesmo??
Bolhas e mais bolhas...
É difícil ter uma noção exata de você mesmo, mas temos que abrir os olhos e olhar para Deus. Não podemos deixar o amor esfriar entre nós, não podemos perder a sensibilidade.
Continuaremos a trabalhar e buscar coisas perecíveis, a sorrir e chorar. Mas não deixe o mundo te anestesiar. Não olhe indiferente para o sofrimento de alguém, não se ache mais importante, não negue ajuda. Podemos ter um pouco menos para alguém que tem menos ter um pouco mais?
Somos tão vulneráveis... de repente "o cara" perde seu mundo e se pergunta:
Como se paga uma vida? E várias vidas?
Não faço a menor idéia.
O Senhor tem me sustentado e mudado a minha vida como tenho pedido nas minhas orações. Mas sigo sangrando, como um guerreiro que luta ferido até o fim. Fevereiro dói demais, sangra mais...nunca imaginei que fosse assim. Mas isso não é tudo e não é o fim. Não quero uma bolha, não quero fechar os olhos e desistir.
Já se olhou no espelho durante alguns minutos e buscou enxergar além do que pode ver? Como se tentasse visualizar sua alma, sua essência.
Sinceramente não gosto do que vejo, mas é preciso enxergar e tentar melhorar. Nunca serei perfeito e nunca ficarei com crédito. Meu único conforto é que Cristo é meu pastor e pagou por mim. Ele segura na minha mão e me conhece.
O amor segue caminhando pela eternidade e a misericórdia de Deus estampada na nossa cara. Basta sair da bolha e tirar os fones dos ouvidos.
“E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” Mateus 24 (12-13)
Obrigado Senhor!!
Ágape.