“...a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade do amor de quem se ama.” Nando Reis
Quem nunca viveu anos rebeldes? Pois é... durante meus 13 e 14 anos fui um adolescente complicado. Nunca me embebedei, me droguei ou algo dessa gravidade, mas com certeza fiz muitas bobagens, magoei muitas pessoas e fui injusto com outras tantas.
Zombava das pessoas, brigava nas ruas, desrespeitava meus pais, perdia todas as médias possíveis na escola... e outras travessuras mais.
Vivi assim durante 1 ano, quando entrei para um grupo de jovens e recebi um presente.... de repente me apaixonei por um anjo.
Já tinha visto a Fê na escola, afinal ela entrou no Regina Pacis na 7ª série, e eu estudava lá desde a 1ª série. Pouco tínhamos nos falado até um acampamento dos atletas do colégio no mês setembro de 1998.
Estávamos na 8ª série, último ano de Regina Pacis, ela era atleta de vôlei e eu de vôlei e futsal.
No segundo dia de acampamento, fomos todos passear na cachoeira e quando olhei para ela, toda delicada, linda, com dificuldades para passar pelas pedras, me apaixonei. Parecia que era a primeira vez que via a Fê, e naquele momento tive a certeza de que ela era a mulher da minha vida, meu grande amor, minha alma gêmea.
Logo me ofereci para ajudá-la na cachoeira e ela, com uma timidez encantadora, aceitou. A partir desse momento meu coração se encheu de alegria e disparava toda vez que eu a via ou falava dela para meus amigos.
Foi um acampamento incrível e nos aproximamos muito neste final de semana.
Retornamos para o colégio e a semana foi movimentada nos bastidores. Iniciei, com ajuda de meus amigos, uma grande investida... queria muito namorar com aquela garota incrível que conheci no acampamento.
Me lembro que durante o recreio, ela ficava num cantinho da arquibancada comendo pastel assado e tomando coca-cola com as amigas, Lorena, Marcela, Fabíola e Renata. Eu, pra variar, jogava futebol com os meninos. Antes do jogo começar, pedia para ela segurar meu relógio e me esforçava para chamar atenção.
Enquanto isso, meus amigos ligavam para ela todas as tardes para "fazer o meu filme", dizer o quanto eu era legal, se ela estava me achando gente boa....
A semana se passou e na sexta feira fomos para um sítio, para um evento da disciplina Religião, chamado "Encontrinho". Após as atividades do dia, chamei-a para conversar... aliás, foi o Jairo que disse a ela que eu queria lhe falar. A Fê, muito tímida e já desconfiada das "investidas", disse que não ia. Mas o Jairo era malandro e a levou ao meu encontro sem que percebesse.
Bom... o que se passou durante essa conversa a gente sabe né amor....foi até engraçado. E neste dia, 18 de setembro de 1998, no campinho de futebol, nós demos o nosso primeiro beijo. Que saudade amor....
E conversamos muito depois, parecia que já nos conhecíamos a anos, a afinidade foi grande e a sensação foi..... na verdade é indescritível.
No domingo liguei para ela. Eu estava na casa da minha avó Marisa e passava Fantástico na tv. Quando a Fê atendeu eu parecia um idiota, simplesmente não sabia o que falar. E o que me veio à cabeça??? Futebol.... ai ai... eu disse "que golaço!!!"....kkkk....disse que estava vendo os gols da rodada (que mentira....eu tinha desligado a tv para falar com ela).
Mas quem conhece a Fê sabe que com ela não falta assunto. Basta ela se sentir a vontade... aí pode se preparar porque ela fala mesmo!!! Ainda bem.... porque eu não conseguia pensar em nada, estava muito tenso.
Passamos um tempão no telefone e sentia que algo mágico e delicioso estava acontecendo.
Na segunda feira eu tinha resolvido que pediria ela em namoro e disse que precisávamos conversar no final da aula. Acho que ela ficou em pânico...kkkk...tanto que saiu da aula pelo portão de trás. Mesmo assim eu a alcancei e, lá embaixo, próximo à cabine do porteiro, eu a pedi em namoro.
Ela disse: "Você não acha que é muito cedo??" E eu respondi rapidamente: "Não. Gostei de você e quero namorar".
E então, no dia 21 de setembro de 1998 começamos nosso namoro.
E vivemos momentos mágicos. Um amor intenso e verdadeiro.
A Fê nunca foi somente minha namorada....sempre foi minha melhor amiga, minha cúmplice, confidente, parceira, meu norte...meu anjo.
É até engraçado, tudo que eu ia fazer eu perguntava antes pra ela. E quando não perguntava ou fazia o contrário que ela dizia, eu me dava mal. Como é que pode isso né?
Vivemos muita coisa...mudança de escola, vestibular, faculdade, emprego, problemas familiares....até nosso corpo mudou. Eu costumo dizer que nem cabelo nas pernas eu tinha direito. Moramos em BH, Aracaju e Recife. Sempre bem juntinhos...de corpo e alma.
E as pessoas nos perguntavam se não enjoávamos um do outro... e a resposta sempre foi “Não”. E as pessoas diziam que não aproveitávamos a vida. E sempre perguntamos a essas pessoas... ”O que é aproveitar a vida senão viver momentos mágicos, maravilhosos ao lado de pessoas que amamos e nos amam de verdade?” E aproveitamos a vida né amor...claro que tínhamos sonhos e projetos para realizar...casar, ir à Disney, ter filhos (um casal), ajudar as pessoas, crescer profissionalmente, ter a nossa casa, toda branquinha igual a do seu tio Luiz, como você sempre sonhou... e tantos outros que iríamos realizar.
Mas Deus te chamou, acho que precisam da sua luz, do seu carisma, da sua bondade, do seu amor... é muito difícil continuar sem você amor... mas sei continuamos juntos, agora e por enquanto só de alma, e não mais de corpo e alma. E vou buscar nossos sonhos amor, nossos ideais, e sei que você está sendo útil aí no céu... que cuida das pessoas, e que segue em frente.
Vou te amar pra sempre...e peço a Deus que me permita, quando chegar a minha hora, que ao abrir meus olhos, eu possa lhe ver, lhe abraçar novamente.
Você me ensinou muito, e espero que muitos tenham aprendido, a que para mim, foi sua maior lição... a de amar o próximo como a ti mesmo. Mandamento que nosso Senhor Jesus diz ser o segundo mais importante.
Você, meu amor, me ensinou pelo exemplo, que não se deve julgar as pessoas, que não se deve brigar, elevar a voz. Você me ensinou que devemos ajudar, presentear, fazer com que as pessoas se sintam importantes, porque na verdade elas são realmente importantes. Você me ensinou a perdoar as pessoas, a antes de abrir a boca, me colocar no lugar do próximo. Me ensinou que as verdades não devem ser ditas de qualquer maneira, porque elas podem machucar os sentimentos de alguém, mas me ensinou também, que por mais dolorosa que seja, a verdade deve sempre ser dita e a verdade deve sempre ser praticada.
Você faz muita falta Fezinha, mas temos que aceitar a vontade de Deus e não podemos ser egoístas, pois se você teve que partir, deve ser porque tem grandes obras a fazer.
A saudade será eterna, como nosso amor. Oro para que fique bem e siga em frente, e que Deus conforte o coração de todos nós, que te amamos e que continuamos por aqui.
Deus te abençoe meu amor. Sei que continua conosco e que ainda vamos nos encontrar.
Te amo!!! Do seu eterno...Bê.
Ahhhhh.....e respondendo àquela pergunta inicial...a Fê nunca viveu “anos rebeldes”.
“A última palavra sobre a morte é de Deus. E se você prestar atenção, Ele lhe dirá a verdade sobre seus entes queridos. Eles receberam alta do hospital chamado Terra. Você e eu ainda vagamos pelos corredores, sentimos o cheiro dos remédios e comemos vagem e gelatina servidas em bandejas de plástico. Eles, enquanto isso, desfrutam de piqueniques, respiram o ar da primavera e correm em meio às flores que chegam á altura dos joelhos. Você sente uma saudade louca deles, mas é possível negar a verdade? Eles não tem dor, dúvida ou luta. Eles realmente estão mais felizes no céu.”
Max Lucado
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
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